Folha de S.Paulo

Um jornal a serviço do Brasil

  • Assine a Folha
  • Atendimento
  • Versão Impressa
Seções
  • Opinião
  • Política
  • Mundo
  • Economia
  • Cotidiano
  • Esporte
  • Cultura
  • F5
  • Classificados
Últimas notícias
Busca
Publicidade

Operação França

por Graciliano Rocha

Perfil Graciliano Rocha é repórter e vive em Paris

Perfil completo

Repórteres do "Le Monde" testemunharam ataque químico na Síria

Por grocha
27/05/13 07:01

Repórteres do jornal francês “Le Monde” testemunharam um ataque com armas químicas pelas forças do ditador Bashar al-Assad contra rebeldes do Exército Livre da Síria, principal braço armado da oposição no país.

Trata-se de um gás incolor e inodoro, que se espalha no ar sem fumaça. Segundo o Monde, o ataque químico ocorreu em Jobar, cidade perto da Damasco, ocupada pelos rebeldes desde janeiro.

Os repórteres Jean-Philippe Rémy e Laurent Van Der Stockt entraram clandestinamente na Síria, conseguiram chegar à cidade e presenciaram o ataque químico.

Após o ruído metálico similar ao de uma lata de Pepsi cair no chão, descreve o jornal na edição que chega às bancas nesta segunda, os combatentes começaram a sentir os efeitos do gás.

A neurotoxina age rápido: primeiro, as vítimas começam a tossir violentamente, os olhos queimam e as pupilas se contraem ao extremo até a vista escurecer. Logo depois, começam as dificuldades agudas para respirar, vômitos e desmaios.

No vídeo que o jornal “Le Monde” pôs no ar, combatentes aparecem distribuindo máscaras antigás após um ataque. Médicos ouvidos pelos repórteres relatam que o gás foi responsável por mortes. (Clique aqui para ver, em francês com legendas em inglês)

Os rebeldes estão sendo tratados com a administração de atropina (antídoto para o gás Sarin), hidrocortisona (antibiótico) e oxigênio. O suprimento de medicamentos está em vias de terminar.

Van Der Stockt, fotógrafo independente que está na Síria para o “Le Monde”, relatou ter sentido sintomas de sufocamento.

“Senti a mesma coisa: pupilas contraídas e dificuldades para respirar. (…) Os efeitos são mais ou menos graves, dependendo do tempo de exposição e de como o vento se desloca”, relatou Van Der Stockt, em uma entrevista a um canal de TV agora há pouco. (Clique aqui para ver, em francês)

Cidade colada a Damasco, Jobar é hoje o front de combate mais próximo do centro da capital. A cidade em ruínas é controlada desde janeiro por três grupos de combatentes (Tahrir al-Sham, Liwa al-Islam e Jabhat al-Nusra), ligados ao Exército Livre da Síria.

Para se proteger de bombardeios e snipers, os rebeldes circulam por dentro de uma centena de casas, interligadas por buracos abertas nas paredes.

Segundo o Le Monde, a primeira morte em Jobar pelo uso do gás misterioso pode ter ocorrido em 18 de abril. Em 8 de abril, o hospital al-Fateh de Kafer Batna, na região de Ghouta (leste de Damasco) registrou um paciente com sintomas de contaminação por uma neurotoxina. Segundo o pessoal médico ouvido pelo “Le Monde”, o homem teria sido exposto ao gás na cidade de Otaiba, onde o governo sírio move uma ofensiva contra os rebeldes desde março. O conjunto desses episódios pode indicar o uso massivo da arma química.

“A rebelião não está ganhando terreno nem ameaça o regime na capital. É o contrário, os rebeldes estão cada vez mais cercados. As armas químicas estão sendo bastante utilizadas (…) É um crime de Estado massivo”, disse Van Der Stockt.

Segundo o jornalista, o objetivo do uso do gás não parece ser o de obter uma vitória militar direta sobre os rebeldes – já que os bombardeios convencionais são bem mais letais –, mas provocar deserçoes.

“O interesse do regime em usar essa arma é que ela é pouco detectável. Não tem cor nem cheiro. É um tipo de arma de terror, porque há um temor permanente que desencoraja muita gente. Evidentemente, [o ataque com gás] fez muito menos vítimas que os bombardeios convencionais, mas gera muito medo, inclusive nos civis. É um tipo de arma psicológica”, disse.

LINHA VERMELHA

Em agosto de 2012, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o uso de armas químicas pelo regime de al-Assad se constituía a “linha vermelha” que, se ultrapassada, justificaria uma intervenção internacional na Síria. Desde então, EUA, Turquia e Israel já afirmaram que havia indícios do uso de armas químicas, mas nenhuma prova surgiu além dos rumores.

Mais opções
  • Google+
  • Facebook
  • Copiar url
  • Imprimir
  • RSS
  • Maior | Menor
  • Comentários
  • Facebook

Os comentários pelo formulário foram fechados para este post!

Publicidade
Publicidade
  • RSSAssinar o Feed do blog
  • Emailgraciliano.silveira@grupofolha.com.br

Buscar

Busca
  • Recent posts Operação França
  1. 1

    Saideira

  2. 2

    Como escapar de uma manada de touros

  3. 3

    Um drone no Vaticano

  4. 4

    Guerra dos jatos

  5. 5

    “Eu vos declaro marido e marido”

SEE PREVIOUS POSTS
Publicidade
Publicidade
Publicidade
  • Folha de S.Paulo
    • Folha de S.Paulo
    • Opinião
    • Assine a Folha
    • Atendimento
    • Versão Impressa
    • Política
    • Mundo
    • Economia
    • Painel do Leitor
    • Cotidiano
    • Esporte
    • Ciência
    • Saúde
    • Cultura
    • Tec
    • F5
    • + Seções
    • Especiais
    • TV Folha
    • Classificados
    • Redes Sociais
Acesso o aplicativo para tablets e smartphones

Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).